O que
acontece
com o Mundo
Acontece
connosco
Quando escolhemos o binómio Adaptação e Transição para o tema da primeira edição da Bienal Fotografia do Porto em 2019, tínhamos presente que, então e depois, era urgente fomentar uma reflexão subordinada a este mote. Passado um ano, face a uma pandemia que transfigurou os nossos quotidianos, a sua relevância é ainda mais premente. Subitamente confrontados com a fragilidade dos nossos sistemas culturais, sociais, políticos, económicos e ecológicos, fomos forçados a lembrar-nos que estas esferas estão profundamente interligadas e que a vida é complexa, vulnerável e impermanente.
Dado que tudo o que acontece no mundo está intimamente relacionado, não é razoável continuar a separar problemas ambientais, sociais, políticos e económicos. Os conflitos que caracterizam muitas das relações que estabelecemos entre nós e com o planeta derivam frequentemente de ideologias de controlo e extrativistas baseadas em noções de supremacia cultural, racial, de género e de espécie. Estas práticas de governança ancoradas em séculos de abusos e destruição obrigam-nos a questionar a atual organização da nossa sociedade ao nível da justiça social e ambiental e desafiam-nos a romper com modelos mentais ultrapassados.
Assim, é importante identificar as nossas limitações e possibilidades para que possamos definir o que é possível manter e aquilo que é necessário transformar. As mutações que enfrentamos requerem soluções integrais que considerem interações saudáveis entre os sistemas naturais e humanos. Para garantir a nossa sobrevivência, é fundamental compreender como poderemos trazer vitalidade, viabilidade e capacidade adaptativa aos nossos processos e estruturas societais, apelando à reorganização dos saberes através das dimensões do intelectual, do emocional, do espiritual e do relacional.
Está ao nosso alcance permitir o despontar de uma nova perceção da nossa posição no mundo, numa perspetiva de interconectividade que possa proteger a diversidade da vida: um projeto regenerativo que reconheça e seja capaz de fazer face às consequências da crise ambiental e de uma cultura que separa a humanidade daquilo que primeiro a fez humana. Neste sentido, acreditamos que não há gestos pequenos ou grandes; a mudança tem de acontecer em todas as frentes e todas as áreas da vida.
Apesar da ilusão do individualismo, a espécie humana vive e prolifera numa rede tentacular de interdependências e conexões com toda a diversidade da vida que anima o planeta.
What Happens to the World Happens to Us / O que Acontece com o Mundo Acontece Connosco, o título da segunda edição da Bienal, propõe que curadores e artistas reflitam sobre a interdependência entre os sistemas naturais e humanos, considerando a complexa matriz global que se corporifica a partir de um emaranhado de relacionamentos culturais, sociais e políticos que têm fragilizado os ecossistemas.
Reconhecer que vivemos entrelaçados, em regime de interdependência absoluta num mundo fragmentado e instável, implica a transição de uma narrativa dominante de separação para uma narrativa de inclusão que saiba aceitar todos, humanos e não-humanos, como sujeitos políticos de uma pólis universal. Este é um processo que nos compromete com uma visão acêntrica dos nossos grupos, sistemas e estruturas, que nos funde ao planeta na constituição de um corpo global, do qual somos apenas um filamento.
A Bienal Fotografia do Porto reconhece os profundos desafios sociais e ecológicos que o nosso coletivo enfrenta. A nossa missão é contribuir para a produção e disseminação de perspetivas artísticas, ações e intervenções, que promovam uma mudança cultural ética que acreditamos ser tão desejável quanto é inevitável.
Equipa
Direção Artística
Virgílio Ferreira
Curadores
Fátima Lambert/ José Maia/ Julia Albani/ Krzysztof Candrowicz/ Lydia Matthews/ Maíra Villela/ Matilde Torres Pereira/ Brotéria/ Museu da Paisagem/ Nuno Crespo/ Pablo Berástegui/ Susana Lourenço Marques/ The Cave Photography/ Tim Clark/ Virgílio Ferreira
Artistas
Albano Afonso/ Alexandre Delmar/ Alfredo Jaar/ Alice dos Reis/ Ana Vieira de Castro/ Álvaro Domingues/ Carla Cabanas/ Carlos Barradas/ Catarina Botelho/ Céu Guarda/ Christoph Draeger/ Cláudia Varejão/ Colectivo Lab.25 (Álvaro Oliveira/ Miguel Teodoro/ Rodrigo Machado/ Rui Mota)/ Duarte Amaral Netto/ Elisa Azevedo/ Elspeth Diederix/ Evgenia Emets/ Felícia Teixeira e João Brojo/ Francisca Rocha Gonçalves/ Gideon Mendel/ Heidrun Holzfeind/ Ignacio Acosta/ James Newitt/ Lisa Barnard/ Louise Purbrick/ Mandy Barker/ Margarida Reis Pereira/ Maria Oliveira/ María Sainz Arandia/ Mariana Fogaça/ Maxime Matthys/ Miguel Teodoro/ Nancy Burson/ Nuno Barroso/ Nuno Cera/ Poulomi Basu/ Rita Almeida Leite/ Salvatore Vitale/ Sam Mountford/ Simon Roberts/ Stanley Wolukau-Wanambwa/ Susan Meiselas/ Xavier Ribas
Oficinas
Álvaro Domingues/ Anna-Kaisa Rastenberger/ Arianna Rinaldo/ Erik Vroons/ Gil Penha-Lopes/ Krzysztof Candrowicz/ Inês Moreira/ João Lima/ José Carneiro/ Jorge Ricardo Pinto/ Luis Pinto Nunes/ Susana Lourenço Marques/ Tiago Assis/ Tiago Pinho/ Vera Lúcia Carmo
- Produção
Ana Cidade Guimarães/ Marta Huet Rocha - Consultora
Jayne Dyer - Comunicação
Marta Huet Rocha - Direção de Arte & Design
Joana Pestana - Gestão do Projeto
Marca d'Água - Assessoria de Imprensa
Silver Lining - Web Design
Plana: - Desenvolvimento Web
Ricardo Mendes - Impressão e Acabamentos
Lumen - Arquiteto «Cidades na Cidade» e «Paisagens Transgénicas»
Nuno Pimenta - Consultora Científica e Mediadora de Sociologia (FLUP) «Travessia»
Lígia Ferro - Investigadora e Mediadora (FLUP) «Travessia»
Beatriz Lacerda - Edição, Revisão e Tradução
José Roseira - Apoio à Produção
Teresa Nunes - Montagens
Henrique Richard - Apoio às Montagens
Alexandre Simões - Técnica Audiovisual/ Edição de Vídeo
Ana Amorim - Conteúdos de Mediação
Coletivo Arisca - Registo Fotográfico
Rui Ferreira/ Teresa Nunes - Assistente de Design
Nuno Maio